Testemunhos



Paula Antunes
 
 
Eu vou porque acredito que as Marchas LGBT são um importante meio de luta contra a homofobia, bifobia e transfobia que continua a existir em Portugal em 2011.
Hoje já temos muitos direitos conquistados, os últimos 10 anos foram frutíferos nesse aspecto, mas a verdade é que há 30 anos a homossexualidade ainda era punida com prisão. A verdade é que o primeiro casamento entre pessoas do mesmo sexo foi há somente 1 ano em Portugal e 10 anos no mundo (Holanda), e que a Lei da Identidade de género acabou de ser aprovada.
Eu vou porque as famílias LGBT continuam a ser famílias de 2ª e porque sei que, infelizmente, mesmo os direitos adquiridos não são estanques, que a mudança de mentalidades leva tempo. É algo que necessita de visibilidade, do esclarecimento, da desmistificação de preconceitos. É tão importante hoje como sempre foi sairmos à rua e lembrarmos a Portugal inteiro que existimos e lutamos por um mundo mais justo, mais igualitário, mais diverso.
Eu vou estar na II Marcha da luta contra a homofobia e transfobia de Coimbra e conto com tod@s.
Vamos fazer um arco-iris? :)

Hélia Santos

Dia 17 de Maio de 2011, eu vou à II Marcha de Luta contra a Homofobia e Transfobia em Coimbra, porque é preciso sair à rua para 'colorir a calçada' da baixa de Coimbra, quebrando o seu cinzentismo, mofo e conservadorismo.
Porque é preciso gritar 'basta à discriminação', 'basta à opressão e agressão', 'basta à exclusão' de outras orientações sexuais e identidades de género além do normativismo heterossexual.


Sofia Marques
Numa fase em que se re-pensa o pais, vemos em Portugal muitos direitos LGBT's consagrados.
Nesta fase amadurecida do ativismo nacional, é necessário continuar a informar através de marchas, debates ou outras atividades culturais.
É com orgulho que vejo acontecer a Programação de 2011. É com orgulho que vejo a população, não só LGBT, envolvida e a contribuir com um grãozinho para um mundo melhor,com redução de homofobia, de transfobia, e de desrespeito pela diferença.
Com a Marcha 2011 em Coimbra estaremos a consciencializar e a dar uma oportunidade ao centro para se manifestar..


João Paulo Galvão
Vou à segunda marcha porque acredito na importância do debate público e nas manifestações públicas com forma de construção política e de luta por reconhecimentos. Acredito que as questões que envolvam a luta por reconhecimento LGBTTT’s não se limitam somente com concessões de direitos, e também muito, nas transformações da esfera sócio-política. Venho demonstrar publicamente o meu apoio pelas reivindicações e pela luta para alteração no Código Civil português sobre o impedimento das relações homoafetivas não poderem candidatar-se para o processo de adoção, ou seja, venho apoiar o processo que vem discutir a ampliação da concepção de família e criticar a naturalização das famílias patriarcais e “hétero-normartiva”. Venho comemorar as recentes alterações legislativas sobre a mudança no registro civil que vem descomplicar e reconhecer as várias identidades de gênero. Vou à marcha para lutar contra a transfobia, contra a homofobia e contra várias outras formas de discriminação e intolerância e pelo orgulho das várias manifestações de identidade de gênero e de sexualidade, por esses motivos, dia 17 de Maio estou na baixa de Coimbra.


Ana Cristina Santos
Centro de Estudos Sociais - UC
não te prives

Sabemos que a discriminação mói, quando não mata.  Neste contexto, lutar contra a homofobia e a transfobia é um dever de qualquer cidadã/o. Foi esse compromisso com uma democracia mais inclusiva que mobilizou centenas de pessoas a fazer da 1ª Marcha contra a Homofobia e a Transfobia em 2010 um evento memorável.
Em 2011 vivem-se tempos de austeridade que ameaçam a qualidade de vida e as possibilidades de resistência. Mas marchar contra a homofobia e a transfobia é gratuito, legal e corajoso, para além de emocionante e divertido. De facto, marchar pela justiça sexual é não só um dever, mas um prazer.
Por isso estarei na rua, em Coimbra, a 17 de Maio e estou segura de que estarei muito bem acompanhada.


Paulo Jorge Vieira
não te prives

Num final de tarde deste início de primavera, eu e o D, - o meu namorado -, terminado que foi um dia de trabalho e de estudo, passeamos de mão-dada pela Alameda Júlio Henriques (para quem não conhece a cidade é uma belíssima artéria junto ao Jardim Botânico). Um jovem estudante cruza-se connosco e o seu olhar fica tão espantado pelo gesto de carinho que partilhamos naquele momento, que se tolda, e choca com um outro transeunte! Eu e o Danyel rimo-nos…
Continuamos o nosso caminho e comentamos o nosso dia. As tarefas de trabalho! As aulas! A cozinha espera-nos! O jantar está por fazer e tentamos decidir o que será a nossa refeição. Sabemos que depois desta teremos a visita de um grupo de amigos e amigas que irá passar lá em casa para beber um chá e comer umas 'bolachitas'.
Durante esse chá acabamos por falar deste texto e da 'luta pela sobrevivência' que todos sentimos no quotidiano na cidade de Coimbra. Falamos do trabalho de investigação etnográfica em geografia social urbana que realizei no ano lectivo passado como estudante finalista da licenciatura de geografia da Universidade de Coimbra.
Nesse trabalho, ao longo de um ano, tentei juntamente com algumas dezenas de homossexuais da cidade, e num modelo de investigação/acção/participação, perceber como é que as vivências urbanas da cidade de Coimbra 'limitavam' as sociabilidades homossexuais em espaço público e semi-público.
Defendi nesse momento académico que as redes de amizade entre homossexuais são essenciais na estruturação social e espacial da 'comunidade' lésbica e gay na cidade de Coimbra. Este aspecto foi confirmado pelo modo como este grupo de pessoas, essencialmente constituído por jovens estudantes universitários, tenderia a encontrar-se em determinados espaços - bares e cafés - da cidade e a apropriar-se deles com o objectivo de construir espaços de visibilidade e de segurança perante a discriminação.
Sendo que Coimbra não possuiu espaços de diversão nocturna identificados como 'bares gays' esta comunidade apropria-se de outros espaços e tempos, como sejam o momento da realização de reuniões de associações gays e lésbicas, ou o espaço privado de casa como espaço de encontro, ou ainda a frequência de alguns dos espaços de diversão nocturna criando efeitos importantes na estruturação das sociabilidades homossexuais na construção de resistências perante a homofobia e a discriminação.
Numa das entrevistas que realizei um dos meus estudados, - jovem estudante universitário oriundo do interior norte do país - referia que a cidade de Coimbra é, pois, uma desilusão, pois sendo "uma cidade tipicamente universitária, supostamente intelectual e supostamente… informada" é no entanto uma cidade onde "existe tanta homofobia e tanta heteronormatividade instituída". Como afirmou este jovem é pois "importante que a cidade cresça a nível de mentalidade e a nível de espaço também, que realmente se desenvolvam com naturalidade as dinâmicas sócias entre homossexuais…" sendo para isso necessário a informação e o esclarecimento pois "nota-se realmente que as pessoas da cidade estão muito pouco esclarecidas".
São já duas da manhã, e o último resistente saiu agora de casa. Eu e o D. observamos, na varanda de casa, a cidade. Comentamos a nossa cidade! Comentamos o olhar daquele jovem que connosco se cruzou no final de tarde! Sabemos pois a dificuldade de se amar alguém do mesmo sexo. Abraçados, na nossa varanda, pensamos no muito que há para mudar nesta nossa cidade!
(texto de opinião publicado em Março de 2006 no Jornal de Notícias)



Eduarda Ferreira

Participar na Marcha de Luta contra a Homofobia e Transfobia é intervir política e socialmente pela conquista dos direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgéneros), é assumir uma postura de visibilidade política.
Visibilidade política é não aceitar que um facto da minha vida se torne a característica central e mais importante na minha definição enquanto pessoa, é rejeitar o peso que o heterossexismo e sistema social dá às expressões da sexualidade que não cumprem com a norma vigente, é exigir o direito a ser inteira em todos os momentos. É reclamar e lutar pelos direitos LGBT como sendo direitos humanos fundamentais.
Visibilidade política não é simplesmente assumir a homossexualidade, é assumir uma postura de intervenção cívica e através do exercício da cidadania lutar pela conquista de direitos.
É assumir:
- sim sou lésbica, porque a sociedade me enquadra nessa categoria pelo facto de me envolver emocional ou sexualmente com alguém do mesmo sexo;
- sim sou lésbica e devo ter os mesmos direitos que todas as pessoas independentemente da orientação sexual - casar, ter acesso à reprodução medicamente assistida, adoptar - e em todas as outras áreas da vida;
- sim sou lésbica e exerço a minha cidadania na intervenção social e política pela conquista desses direitos.


Leo Veronez
 

No dia 17 de Maio, terá lugar uma manifestação a favor de múltiplas perspectivas sobre algo mais que tolerância. Para além de reivindicações políticas e reclames sociais, acredito que a Marcha contra Homofobia e Transfobia de Coimbra representa uma oportunidade de convergência de interesses, de vontades, de ideologias. Para mim, ir a Marcha é a manifestação de um direito de clamar, em uníssono, pela igualdade.



Inês Lopes
Secção de Defesa dos Direitos Humanos - AAC

Hoje, somos uma das únicas dez sociedades do mundo que reconhece aos homossexuais o direito ao casamento civil. Somos uma das poucas sociedades que permite a um transexual mudar o seu nome sem ter que esperar anos a fio. Somos uma sociedade onde o activismo LGBT se faz ouvir cada vez mais. Mas também somos uma sociedade que ainda sente o preconceito. Se sentimos muitas vezes, nestes últimos três anos, que demos grandes passos para a frente, também é verdade que ainda sentimos muitas vezes que damos passos para trás quando ouvimos na rua alguém falar de um homossexual ou transexual com desdém e inferioridade. Não basta mudar a lei, temos que mudar as mentalidades das pessoas. É por isso que marchas como estas existem. É por isso que vou à Marcha.  


Rinah Souto

No dia 17 de Maio de 2011, em Coimbra, vou com entusiasmo à II Marcha contra a Homofobia e Transfobia porque repudio toda e qualquer forma de discriminação.  Nesta luta pela igualdade, como dizem os versos do poeta Carlos Drummond de Andrade, «não nos afastemos muito/vamos de mãos dadas»!   


Esmeralda Martins
Clube Safo

A Marcha que se vai realizar a 17 de Maio e 2011 não é apenas mais uma marcha.
É mais uma etapa na afirmação da liberdade conquistada com o 25 de Abril.
É mais uma afirmação na nossa crença pelos valores humanos.
É mais uma arma contra todo o tipo de discriminação que persiste em existir na nossa sociedade.
Vamos marchar, vamos gritar, vamos unir-nos a todas as pessoas que, connosco, querem uma sociedade mais justa.


Inês Santos
Activista Bloco de Esquerda
 
Vou à marcha contra a Homo e Transfobia de Coimbra porque as transformações não se fazem com leis e o direito casamento não me chega.
A sociedade precisa de mudar e aceitar realmente as diferenças que temos, sabendo que somos todos e todas iguais.
Queremos que toda a sociedade perceba que os homo, bi ou transexuais não são doentes, anormais ou extravagantes.
Se a sociedade diz uma coisa e lei outra então não existem direitos só porque a lei assim o diz. Não temos direitos quando há adolescentes expulsos de casa. Não temos direitos quando há pessoas despedidas ou discriminadas no trabalho por serem gays, bis, trans ou qualquer outra coisa que fuja à heteronormatividade. Não temos direitos quando há pessoas espancadas, maltratadas.
Saímos à rua não por queremos dar nas vistas ou chocar alguém mas sim porque escondermo-nos é aceitar a discriminação. E eu não aceito.


Katarina Duarte

Vou estar na II Marcha contra a Homofobia e Transfobia para protestar contra o preconceito e a intolerância. Considero que qualquer forma de opressão e segregação repugnante merece ser abolida. Vamos todos à Marcha, dia 17 de Maio, lutar por uma sociedade igualitária.



Mário Dinis

Celebra-se dia 17 de Maio, o Dia Internacional Contra a Homofobia e a Transfobia. O ano passado, com a ajuda de duas pessoas, num encontro informal deu-se início a esta Marcha. Algumas dessas pessoas já cá não estão em Portugal mas daqui lhes mando os meus agradecimentos pelo apoio pelo carinho. São elas Andreia Carmona e Criziany Machado Félix. Este ano vão estar presentes no nosso coração. E não posso deixar de falar no Daniel Medina.  
Durante anos e anos tenho vivido a descriminação num silêncio imposto pelo medo, pela solidão ou pela vergonha. Hoje preciso de dizer que é tempo de acabar com a descriminação.
O risco de suicídio cresce quando alguém vive num ambiente hostil. É preciso acabar definitivamente com isto. É  preciso que as pessoas possam viver felizes como bem entenderem com a sua sexualidade. Numa se fala dos homossexuais mais velhos mas eles vivem dia a dia a discriminação. A ignorância e o abandono a que são postos. Ainda um dia destes alguém que se diz defensor dos direitos humanos se esqueceu da experiência dos mais velhos, na luta de uma vida, pelos direitos mais fundamentais. Espero que esta Marcha seja um sucesso maior do que o ano passado.


Magda Alves
não te prives

Apoio a II Marcha contra a Homofobia e Transfobia de Coimbra porque o Dia 17 de Maio é um dia importante para a história dos Direitos LGBT e dos Direitos Humanos que deve fazer parte da nossa memória colectiva. Porque a discriminação e o preconceito combatem-se com denúncia, visibilidade, informação, construção/transformação e que, neste caminho, as iniciativas de rua juntando cidadãos e cidadãs reclamando o reconhecimento das suas identidades e a afirmação da diversidade assume um papel de fulcral importância. Apoio esta Marcha porque Coimbra precisa de assumir-se finalmente como um espaço de liberdade e igualdade. Porque em feminista que sou, não tolero nem posso tolerar qualquer forma de opressão nem ser conivente com as caixinhas nas quais nos querem enquadrar e limitar. Porque, por todo o mundo, pessoas LGBT são condenadas à morte, ao apedrejamento, às mais violentas barbáries. Porque @s transexuais ainda são considerad@s doentes, colocando em causa a sua autonomia e os seus direitos mais elementares, inclusive em Portugal. Porque o bullying homo e transfóbico mata todos os anos. Porque muit@ssão @s que não podem assumir-se perante as suas famílias, os/as seus/suas colegas de trabalho,  a sua comunidade.
Porque a violência, o insulto, o medo, a invisibilidade marcam os quotidianos de muitas pessoas LGBT em Portugal. Porque as famílias constituídas por pessoas do mesmo sexo e crianças/jovens continuam a não ser reconhecidas. Porque o sexismo é  uma marca da nossa sociedade. Porque uma mudança cultural e social é não só justa como profundamente necessária e que nos cabe a nós fazê-la! Porque as Marchas são momentos de celebração e de reivendicação, vamos?


Adriana Bebiano

Porque há que combater todos os medos e todos os silenciamentos. Porque a cidadania e a humanidade comuns exigem a plena liberdade de tod@s e de cada um@.

Manuela Tavares
UMAR

O Dia Internacional de luta contra a homofobia e a transfobia tem origens mais remotas na  “revolta de Stonewall”, ocorrida a 28 de Junho de 1969, que integrou grande número de lésbicas e que surgiu como protesto às rusgas policiais nos bares de encontro de gays e lésbicas. Na mesma altura, nascia também o movimento feminista e muitas lésbicas integraram esse movimento. O próprio movimento foi portador de muitas das suas reivindicações e as lésbicas envolveram-se em lutas feministas como o direito ao aborto.
Contudo, esta ligação entre feminismos e lesbianismos nem sempre foi pacífica, pois tempos houve em que os feminismos não assumiram esta causa.
Nos tempos actuais, uma corrente de feminismo de agência ou de intervenção social procura uma maior ligação ao movimento LGBT, não só porque se trata de uma questão de direitos humanos, como também pelo facto da necessidade das mulheres lésbicas ganharem maior visibilidade no movimento LGBT, independentemente de todas as desconstruções que se façam do género.
A Marcha LGBT em Coimbra pode ser uma forma de dar maior protagonismo às mulheres nesta causa de tod@s nós.


Miguel Cardina
Historiador e Investigador do CES - UC

Marchar contra a homofobia e a transfobia é assumir o gesto simples de recusar publicamente uma vergonhosa forma de descriminação. É colocarmo-nos do lado da dignidade e da autonomia dos indivíduos contra a repressão e o medo. É perceber que «fracturante» é a ignorância e não a luta pelo reconhecimento.
 


Fabiola Cardoso

EU NÃO VOU
tenho pena, mt pena...
mas moro longe e trabalho até às 17 h...
MAS É COMO SE FOSSE
Porque vou estar ai em pensamento;
Porque vou dizer a toda a gente com que me cruzar ao longo do dia: no trabalho, na mercearia, na escola dos meus filh@s... que hoje, em Coimbra há uma Marcha Antihomofobia!
E QUE EU QUERIA IR!
Porque estamos a construir um mundo melhor: mais livre, mais justo, mais feliz!!!


Paula Gil
M12M

Apoio a Marcha contra a Homofobia e Transfobia porque sou uma pessoa, sou uma cidadã e porque acredito que a nossa participação e intervenção na sociedade contribui para uma melhoria na qualidade de vida de todos e todas. Acredito que é através da tomada de consciência e luta por direitos económicos, civis, sexuais, que será possível alterar as expectativas de uma sociedade que até agora se quis excludente e baseada em papéis sociais delimitados e limitadores, que castram a nossa busca da felicidade.
Por isso, activamente procuro a igualdade na diversidade para todos e todas. Só quando existir uma consciência e uma cultura de igualdade e direitos inalienáveis das  pessoas, deixará de haverá espaço para agressões. Igualdade e discriminação não podem existir no mesmo lugar.
Eu apoio a Marcha contra a Homofobia e a Transfobia porque defendo uma causa que é de todas as PESSOAS.
Perguntem-me antes porque razão não deveríamos TODOS e TODAS ir!


Manuel Afonso
FAE

A normalidade é uma invenção, é o pano de fundo das opressões. Não há sexualidades, comportamentos, cores, gostos ou amores normais. O outro nome da normalidade é opressão. Se pensarmos bem, sob o sistema em que vivemos as únicas coisas normais são a opressão e a exploração. É essa normalidade que tem de ser combatida, é por isso que vou à Marcha contra a Homofobia e Transfobia. Não basta o casamento, como não bastará a adopção - bandeira que acho que se deve levantar desde já - a luta só acaba quando houver uma sociedade baseada na igualdade e na liberdade de ser diferente, homo, hetero, trans ou outra coisa qualquer!


João Paulo Pacheco
PortugalGay

Mais do que ir dia 17 de Maio, há Marcha contra a homofobia e a transfobia, que se realiza pelo segundo ano consecutivo em Coimbra, mais que estar lá é levar na garganta a força de um grito de inconformidade,... marchar porque ainda muito caminho há por percorrer não nos direitos LGBT unicamente, mas nos direitos humanos.
Por tudo isso é que é importante estarem todos e todas na Marcha Contra a Homofobia e a Transfobia, no próximo dia 17 de Maio, em Coimbra!
Outras marchas de igual importância estão agendadas veja-se em www.portugalgay.pt/agenda.


Nuno Santos Carneiro
Investigador em Psicologia
Activista LGBT independente

Marchar é trazer do céu um arco-íris vivo, é combater o silêncio enganador de quem fala quando cala e é pintar Coimbra, que tem mais saudade na hora da despedida da opressão. 


Teresa Pizarro Beleza
Professora e Directora da FDUL 

Todas as formas de discriminação ilegítima atentam contra a dignidade humana. As que visam a identidade de género ou de sexo (de sexualidade) são particularmente graves, pelo sofrimento pessoal e exclusão que desnecessariamente causam. A nossa Constituição da República deu um precioso contributo ao incluir a ‘orientação sexual’ entre os fundamentos expressos de discriminação proibida. Mas é preciso que esse passo tenha eco na cabeça e no coração das pessoas – e para isso o activismo, como o desta Marcha, é um dos indispensáveis caminhos.

Maria do Mar Pereira
Doutoranda em Estudos de Género

Eu vou à II Marcha de Luta contra a Homofobia e Transfobia em Coimbra no dia 17 de Maio de 2011 porque acredito que está nas mãos de todas e todos nós ajudar a construir um mundo livre de homofobia e transfobia. Numa altura em que o Uganda se prepara para aprovar uma lei que declara a homossexualidade um crime punível com pena de morte, podemos pensar que em Portugal, com a recente aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo e de uma nova lei da identidade de género, tudo está melhor, tudo está resolvido. E é verdade que se têm registado avanços no nosso país, mas temos ainda muito trabalho pela frente. A homofobia e a transfobia continuam por aí, nas ruas, nas universidades, nas famílias, nos locais de trabalho, por toda a parte, semeando dor e sofrimento por onde quer que passem. E é também nas ruas, e por toda a parte, que temos de lutar contra elas e dizer que a homofobia e a transfobia têm de deixar de passar por Coimbra, pelo Uganda, ou por outro sítio qualquer. Junta-te a nós nesta luta; junta-te a nós em Coimbra no dia 17 de Maio.


José Manuel Pureza

A homofobia e a transfobia são, mais que tudo, expressões de inimizade pela democracia. Segregam pessoas em função das suas escolhas. Uma democracia digna desse nome é a que estima a pluralidade de caminhos e reconhece que, em cada um deles, há uma versão diferente de uma mesma construção da cidadania. Sim, a democracia tem sexo e orientações sexuais. Reconhecê-lo e cuidá-lo é uma exigência de vitalidade da democracia.


Lara Crespo
Mulher Transexual

Há cinco anos atrás o país parece que despertou para a realidade trans da pior maneira: a mulher transexual Gisberta Salce Júnior havia sido brutalmente assassinada por um grupo de jovens, após três longos dias de agressões, violações, tortura e afins.
Algo de que eu, como mulher transexual, já tinha uma leve noção, tomou proporções incalculáveis e únicas, levando para o conhecimento público a existência da transfobia, da pior maneira.
Nunca haverá uma boa maneira, provavelmente, de se falar da homo e transfobia, mas Gisberta foi como uma bandeira que se ergueu para alertar que nós, transexuais existimos e que a transfobia é real e diária.
Eu sofro na pele a transfobia todos os dias. Sofro em silêncio, pois não posso libertar a minha raiva. Por isso é tão importante esta marcha, em que a homo e a transfobia são lembrados, relembrados e marcados, para que as pessoas tenham a noção do que são e que existem, sempre existiram e são reais.
Também com a ajuda desta marcha, espero que daqui a uns anos, já possa sair à rua e ser respeitada como a mulher que sou.

Isabel Bento

Tod@s somos responsáveis pelo mundo em que vivemos.
Assumir a nossa visibilidade enquanto intervenção política é uma necessidade vital para minorar preconceitos e combater a discriminação. Acreditamos que uma sociedade mais justa é possível; uma sociedade em que cada pessoa se sinta livre e respeitada. Uma sociedade que considere a diversidade dos seus cidadãos como a sua maior riqueza. Mas, por enquanto, o respeito pela dignidade do Ser Humano, em toda a sua amplitude e diversidade, ainda continua a ser um objectivo a alcançar. Até lá, é necessário continuarmos a contribuir na construção de uma sociedade mais justa e mais livre para tod@s. E a Marcha é um bonito contributo.

Ricardo Coelho

Em momentos de crise, há quem pense que se deve centrar a luta social nas questões materiais, como o emprego ou os direitos sociais, em detrimento de questões "pós-materiais", como os direitos individuais ou o ambiente. Não só discordo desta análise como penso exactamente o oposto. Na minha visão, é exactamente nos momentos de crise que se deve lutar mais contra as discriminações, na medida em que sabemos como o impacto da recessão é sentido de forma diferenciada consoante a posição que cada qual ocupa na sociedade.
Quem não segue a normatividade heterosexista corre o risco de ser discriminado no local de trabalho, de ser despedido e de ter mais dificuldade em encontrar emprego. A guetização social entre "hetero" e "homo", entendidas como categorias estanques, soma-se à separação entre ricos e pobres, reforçando-a e criando novas arenas de conflito social. Perante este cenário, virar a cara para o lado é pactuar com um sistema de violência social que corrói a democracia.
Quero viver numa sociedade mais justa, democrática e igualitária. Quero viver numa sociedade em que todos/as possam ser quem são e não sintam a necessidade de se esconder num armário qualquer. Quero lutar pela liberdade e por isso estarei em todas as marchas contra a homofobia e transfobia.
 

João Pereira
Secretaria de Estado da Igualdade

Mesmo na impossibilidade de participar, apoio a Marcha contra a Homofobia e Transfobia de Coimbra. Porque a Igualdade e a Não Discriminação são princípios fundamentais do Estado Português e da União Europeia. Porque os avanços alcançados na agenda LGBTI têm de ser consolidados e não podem regredir. Porque quando falamos de pessoas vítimas de discriminação, quaisquer que sejam, falamos de uma sociedade a suicidar-se. Porque as crises que vivemos no presente também chegaram por falta de aposta numa sociedade mais igualitária. E porque o futuro é nosso e podemos construí-lo livre de discriminação! Vamos a isso?


Sérgio A. Carvalho



Vou à marcha no próximo dia 17 de Maio porque:

1. a luta pelos direitos faz-se (também) nas ruas;
2. uma sociedade só é livre quando TODOS os elementos que a formam o são;
3. o casamento per se não garante a inclusão nem significa o fim da discriminação;
4. num país onde os direitos adquiridos são retirados num abrir e fechar de olhos, a luta serve também para os reafirmar e manter;
5. não quero viver num país (num mundo!) onde se repitam histórias como a do Matthew Shepard ou da Gisberta (e tantos outros que tornam o objectivo desta marcha indispensável);
6. é mais do que uma luta LGBT, mas uma luta pela construção de um tecido social (mais) saudável e justo;
7. a desmobilização social pode ser perigosa;
8. ninguém reivindica por nós tão bem quanto nós próprios;
9. a marcha será, para algumas pessoas, a única fonte de validação e normalização dos seus afetos;
10. É preciso que a sociedade dê um pontapé no armário (heteros, gays, bis, trans, simpatizantes, ambivalentes, indecisos, verdes às riscas e por aí fora).


Sérgio A. Carvalho

Cassilda Pascoal
Associação Cultural Janela Indiscreta



Vou à Marcha de Coimbra 2011 antes de mais porque é meu dever como cidadã.
As Marchas, em todas as lutas, continuam a ser a maior forma de sensibilização e visibilidade pacificas.
É nas Marchas que dizemos que por mais que nos ignorem, existimos, estamos unidos, estamos na rua e exigimos direitos!

A Marcha de Coimbra de 2010 ao resultar num sucesso surpreendente, traduziu-se na necessidade e urgência em tirar Coimbra do armário, onde até então se mantinha silenciada por valores tradicionais e conservadores com consequências opressoras à liberdade individual.
É certo que ainda há um longo caminho a percorrer, sem fim à vista mas construído, acima de tudo, com companheirismo e esperança.

Cabe-nos a todos e todas lutar por uma cidade e um país livres, onde a homofobia e a transfobia, e tantos outros preconceitos, sejam coisas do passado. Cabe-nos a todos e todas, (re)construir uma sociedade com base na liberdade e pluralidade.

É urgente mudar. Mudar para que nem mais uma pessoa tenha de mentir, omitir, esconder o que sente, a sua identidade, a sua orientação sexual.
É urgente mudar para que mais nem uma pessoa sinta vergonha de si, de outros e outras.
É urgente mudar para derrubar os armários impostos por uma sociedade patriarcal e heterossexista.
É nossa obrigação deixar um legado de liberdade, diversidade, dignidade e direito à indiferença, às gerações futuras.

No dia 17 de Maio, vou à Marcha contra a Homofobia e Transfobia porque Quem Cala Consente.


Roberto Falanga

Participo na marcha porque no meu país, a Itália, os políticos que organizam o "Family Day" juntos com a Igreja (não obstante o Cavour tivesse declarado "Livre Igreja em Livre Estado", o meu país é ainda governado pelo dois Estados sem contar um terço poder - a máfia - cujos actores, porem, são dificilmente distinguíveis dos outros...) são os mesmos que organizam o "bunga bunga" geral celebrando o liberalismo. Em frente de tanta hipocrisia o meu país, embora "civilizado", pois ocidental obviamente, não tem coragem para aprovar uma lei contra a homofobia. Evidentemente, o liberalismo decantado não é para todos.
Participo na marcha em Coimbra para denunciar o que acontece no país da pizza e para que tanto a divulgação de informação como a participação activa sirvam a uma mobilização sem fronteiras.

Alexandra Silva

Por favor, pensem às cores!

Maria Paula Meneses
CES da UC

Lutar por direitos é um dever de cada um de nós, insatisfeito com as desiguldades, descriminações que marcam o nosso mundo. Não posso dizer, nesta marcha, 'Presente". Mas a minha solidariedade é total. E como aprendi, "a vitória organiza-se, a vitória prepara-se". A luta tem de continuar!

Ana Costa
(17 Junho 2010)

Saí do escritório com a Paki, estudante de Valência que fazia estágio connosco em Coimbra. Disse-lhe que havia a Marcha Contra a Homofobia em Coimbra, que não esperasse muita gente porque em Coimbra as pessoas não fazem muito activismo LGBT - nem de outro tipo - mas nós iríamos, mesmo que já atrasadas porque o trabalho não permitiu chegar mais cedo. Quando chegámos aos semáforos, junto à Câmara, vimos uma multidão na Rua Visconde da Luz! A Paki disse-me que era muita gente. E era, contra a minha expectativa. Juntámo-nos à multidão, encontrámos muita gente conhecida. Que alegria ver a baixa de Coimbra pintada com as cores do arco-íris. Já na Praça 8 de Maio a Paki foi convocada para dizer umas palavras no seu "portunhol". Foi bonita a festa, pá!



Se quiseres dar o teu testemunho basta enviares o texto e a fotografia para o e-mail geral@marcha-coimbra.org.

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